ANA MASCARENHAS O DESCONCERTO DO MUNDO A escrita de Fragmentos da Alma (título inicial deste livro, posteriormente designado por Vazios da Escrita) não obedece nem à visão clássica do romance e do conto nem à da poesia. Afirma-se como uma narrativa de tipo novo, estranha, onde perpassa tanto a iluminação poética (“fragmentos”) quanto a narração argumentativa, ambas embaladas pelo sentimento (“da alma”). É, assim, um texto para ser lido com lentidão, porventura desordenadamente, ao sabor do imprevisto, furtando em cada página um pensamento, uma experiência, uma história, um verso que nos alumie o dia. Revolta feminina, sofrimento humano, algum cepticismo sobre a real valia da humanidade, pouca alegria, nenhum júbilo – eis o trem de que se compõe esta centena e meia de páginas, rebaptizadas com propriedade de Vazios da Escrita. Vazios da Escrita porque tudo parece desavindo na mente da narradora, ou “desconcertado”, como diria o nosso épico, expressão da desarmonia flagrante entre desejo, vida e mundo. Assim o vive a narradora, assim o transmite nesta obra sofrida, assim o escreve desconexamente, criando um estilo disperso e fragmentário, que força o leitor a participar, comovendo-se, partilhando de idêntica tristeza ou alegria. É um estilo desprovido da aplica&cc Ler mais...
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